“As dores que Ruben sentia não eram apenas dos pontapés e murros que levara, sentia uma dor apertada e aguda, que lhe picava fortemente no coração. E a agressão deveu-se uma vez mais pela escolha sexual de Ruben, apenas por isso. Á medida que um pano húmido passava pelo seu rosto enfraquecido e descomposto, lágrimas caíam levemente até aos seus lábios. Não soluçava nem estava a chorar. Os seus belos olhos verdes miravam mais uma vez o infinito, paralisado com o choque, sentindo raiva e angústia ao mesmo tempo. Quem lhe passava o pano pela face era Tiago, com as suas mãos suaves, muito cuidadosamente limpava-lhe o sangue estancado por toda a face. Também chorava, mas este ouvia-se subtilmente. Notava-se que o carinho e compaixão que tinha por Ruben eram enormes, e que ainda perdurava depois de tantos incidentes. Chorava também por ver Ruben naquele estado, sentindo-se incapaz de o proteger em momentos como aquele, gritando e debatendo-se por dentro. Os seus lábios tremiam à medida que molhava novamente o pano, e quando lhe tocou na face, Ruben pegou-lhe na mão e desviou o olhar para ele. Com um ar sério, agradeceu-lhe por tudo, embora não tivesse dito nem uma palavra. O olhar falou, e Tiago ainda estava a soluçar e a tremer, balançando a cabeça, como se estivesse a responder-lhe ao ‘obrigado’ com um ‘desculpa’ profundo. Foi então que Ruben colocou a mão na nuca de Tiago, e uniu a sua cabeça com a dele, juntando ambas as testas. Permaneceram imóveis sentados no chão, iluminados ao mesmo tempo pela luz da Lua que espreitava pela janela, tentando confortarem-se um ao outro, fechando os olhos, imaginando-se noutro sitio. Noutro planeta. Sozinhos"
sexta-feira, julho 27
Excerto 2
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4 comentários:
Futuro na escrita? =P
tb acho
Hum... alguém não anda a dormir bem à noite!
Continua, mas evita os lugares comuns. Puxa pela cabeça!
Um abraço
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